2010/04/07

O mar em poesia


Estrela do Mar

Sou uma estrela do mar
que um dia foi do céu
não estou mais a brilhar
mas não é este o meu lugar.

Quando me vi ensopada
lá no fundo triste e escuro
sem brilhar e sem mais nada
para mim foi o fim do mundo.

Do mesmo jeito que aqui
os anjos vêm ajudar
no fundo do mar também
estão a nos amparar.

E um deles sorridente
foi chegando displicente
segurando minhas mãos
a lenda veio contar.

Disse-me enternecido:
- Sei que gostavas do céu
de piscar e de brilhar
mas poderá um dia voltar.

De alegria eu sorri feliz
e o sorriso sempre dá jeito
meu anjo, que era um aprendiz
pôs-se a contar-me o meu pleito.

Você não veio do céu
de livre e espontânea vontade
e nem vai ficar ao léu
por toda a eternidade.

O que sofreu foi um castigo
que é dado a todas as estrelas
que cobiçam os parceiros
das estrelas companheiras.

Sei que você não é má
foi apenas um descuido
mas estava a desejar
um amor que é proibido.

Agora tem que esperar
o seu próprio amor chegar
porque é a única maneira
de poder ao céu voltar.

Meu rosto banhado em pranto
sufocava entre as algas
e um peixinho cor-de-rosa
acariciava-me a alma.

Outros menos coloridos
devagar se aproximavam
queriam me ajudar
mas nenhum pode me amar.

Por isso eu peço agora
aos que estão a me ler
se o seu coração é livre
por favor, venha me ver.

Eu estou aqui nas pedras
não mais no fundo do mar
as ondas mantém-me viva
mas eu vivo a chorar.

Tudo porque desejei
ter alguém para me amar
e agora o que eu preciso
é ver esse alguém chegar.

Tenho séculos à frente
mas não agüento aguardar
a minha alma é transbordante
de tanto amor para dar.

Posso lhe esperar?


Tere Penhabe - Itanhaém, 19/02/2004

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